Assalto
Diversas vezes que mencionei a intenção de fazer um hiking no fim de semana ouvi coisas do tipo: “Mas lá está muito perigoso” ou “Está cheio de bandidos” ou coisas afins. Entretanto só ouvi isso de pessoas que o máximo de conhecimento adventure que possuem deriva de hospedagens em hotéis fazenda sem vacas ou plantações, e respondo com 2 perguntas: “Conhece alguém que já foi assaltado em alguma caminhada outdoor?” “Próximo à sua casa já soube de alguém abordado por marginais?” E a resposta para a última pergunta para quem mora em grandes centros urbanos é sempre afirmativa, enquanto que para a primeira, só escuto a resposta “Ouvi no noticiário”.
Tenho mais medo de sacar dinheiro num caixa automático ou parar com meu carro num semáforo, mas sei que existe a possibilidade de ser assaltado numa aventura em montanha, por isso fico atento em algumas dicas para evitar ou minimizar o dano.
Primeiro de tudo, dê preferência a trilhar com guias profissionais locais, pois com o conhecimento da região e dos frequentadores será mais fácil evitar transtornos.
Não use itens que chamem atenção, leve somente o essencial, deixe em casa cordão e pulseira, afinal de contas não é desfile de moda. Carteira somente com documentos básicos e dinheiro, não carregue os 10 cartões de crédito que possui. É importante também estar preparado para não reagir a assaltos, pois o marginal tem menos a perder que você, e quanto menos itens levar menos se importará se perder ou quebrar e menos peso carregará.
Acidentes
A natureza que nos atrai, também pode nos trair, então estar atento a alguns cuidados é imprescindível. Se pretende trilhar sozinho então recomendo que assista ao filme “127 horas” para que desista dessa ideia. Se planeja ir com um grupo de trekkeiros para um novo destino optando por dispensar o guia, e somente se tiver experiência, informe-se em sites e blogs especializados sobre o local, distâncias, dificuldades, riscos e se todo o percurso é bem sinalizado, se não tiver 100% seguro, contrate um profissional com referências.
Se for caminhar por cima de pedras do leito de algum rio verifique antes a previsão do tempo e se houver possibilidades de chuva não vá, pois cabeças d’água surpreendem desavisados e causam tragédias, pois pode chover num ponto distante e uma onda enorme vir arrastando tudo pelo caminho e caso você esteja na parte baixa de um cânion, sua chance de escapar será mínima.
A atenção ao caminho deve ser integral, onde apoiará pés e mãos para não escorregar ou cair, bem como evitar agarrar uma taturana, ou se aproximar demais de cobras e colmeias. Carregue sempre estojo de primeiros socorros contendo seus medicamentos de uso contínuo, ocasional e/ou emergencial, como por exemplo, anti-histamínico.
Exaustão, hipoglicemia e desidratação aumentam as chances de acidentes, portanto esteja sempre ciente do seu condicionamento físico. Se for sedentário comece com uma trilha leve e vá aumentando a dificuldade gradativamente. Não saia em jejum e não esqueça um lanche leve como barras de cereais, sanduíche e biscoito. Tenha sempre uma garrafa grande de água, e se precisar reabastecer no caminho tenha à mão um potabilizador (Ex: Clorin) para diminuir o risco de contrair uma infecção intestinal.
O vestuário básico são as botas outdoor pois diminuem o risco de torções, mas dependendo do caminho e do clima, pode te exigir algo mais específico como calçado à prova d’água, anorak, sobre-calça, etc. Informe-se com o seu guia sobre as particularidades da região e o que é necessário para que tenha um conforto relativo em sua aventura.
Esse tema é muito extenso e o texto apenas pretende ser uma fonte de informação para novos praticantes. Backpackers experientes têm suas preferências e podem considerar outros itens como indispensáveis, então, caso queira acrescentar algo deixe aqui sua dica.
Por Felipe Torre de Flot, colaborador do Brasil a Pé.